Bolsonaro soltou sua
metralhadora de mentiras e impropérios durante a semana. O presidente que já mentiu em público mais de 200 vezes desde
janeiro resolveu usar mais uma vez a estratégia para desviar a atenção dos
filhos: um fritador de frango que sonha virar embaixador, outro enrolado com
seu próprio laranjal. A cortina de fumaça serviu muito bem. Enquanto
Bolsonaro inventava histórias sobre Miriam Leitão, o
Brasil Real Oficial, uma newsletter escrita pelo jornalista Breno Costa,
monitorou o estrago que o governo faz no país. Abaixo, alguns tópicos para que
vocês repassem adiante. São essas coisas que merecem nossa atenção.
Uma portaria (assinada pelo ministro da
Educação, Abraham Weintraub) tirou das mãos dos reitores da universidades
federais o direito de nomeação dos pró-reitores. As nomeações serão feitas
agora pela Casa Civil e passarão pela aprovação da Secretaria de Governo. Ou seja:
o governo concentra mais poder em Brasília e poderá, eventualmente, nomear
pró-reitores para sabotar projetos ou tumultuar gestões. A destruição do
conhecimento é, como se sabe, uma das etapas dos regimes autoritários.
Bolsonaro
criou um grupo de apenas três pessoas, todas
do governo federal, e deu prazo de somente 30 dias para concluir um “estudo”
(use aspas, por favor) para a “simplificação do regime de outorga” da lavra
garimpeira. Ou seja: em pouco tempo, deverá ser ainda mais fácil ter
autorização para garimpar, sobretudo, ouro e diamante, no país que já sofre
uma epidemia de garimpo e que sente a
pressão de fundos bilionários ameaçando cortar ajuda à Amazônia pelo
evidente compromisso do governo – e de Ricardo “Yale” Salles – com a destruição da
floresta.
As Juntas
Comerciais não são mais obrigadas, como eram desde 2014, a comunicar ao COAF
quando detectam sérios indícios de crimes registrados em documentos produzidos
em suas dependências. O objetivo era ajudar os órgãos de controle a combater a
lavagem de dinheiro. Agora, caberá a cada estado criar suas próprias regras.
Por enquanto, não há regras. Os corruptos agradecem.
O
governo decidiu levar o Conselho Superior do
Cinema para a Casa Civil. O órgão estava no Ministério da Cultura. Isso
concentra, mais uma vez, poder no núcleo de Brasília. Além de jogar o órgão no
colo de Onyx Lorenzoni, o decreto ainda reduziu de nove para cinco o número de
representantes da indústria do audiovisual e da sociedade civil no grupo. O
governo também tinha nove cadeiras. Agora, Brasília tem sete. Virou maioria.
Em apenas uma semana, distraindo a opinião pública com mentiras e insanidades, Bolsonaro amassou ainda mais as universidades federais (responsáveis por 90% da pesquisa no país), apontou para mais destruição do meio ambiente por meio de uma farra do garimpo, afrouxou o combate à corrupção e se pôs em guerra com a indústria do audiovisual – que movimenta bilhões. Bolsonaro é um trator em movimento. Cabe prestar menos atenção no ronco do motor e mais nas implacáveis esteiras.
Transcrito do The Intercept Brasil, 20 de julho de 2019
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